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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

NÃO DESPERTEMOS O LEITOR


Os leitores são, por natureza, dorminhocos. Gostam de ler dormindo.
Autor que os queira conservar não deve ministrar-lhes o mínimo susto. Apenas as eternas frases feitas.
"A vida é um fardo" - isto, por exemplo, pode-se repetir sempre. E acrescentar impunemente: "disse Bias". Bias não faz mal a ninguém, como aliás os outros seis sábios da Grécia, pois todos os sete, como há vinte séculos já se queixava Plutarco, eram uns verdadeiros chatos. Isto para ele, Plutarco. Mas, para o grego comum da época, deviam ser a delícia e a tábua de salvação das conversas.
Pois não é mesmo tão bom falar e pensar sem esforço? O lugar-comum é a base da sociedade, a sua política, a sua filosofia, a segurança das instituições. Ninguém é levado a sério com idéias originais.
Já não é a primeira vez, por exemplo, que um figurão qualquer declara em entrevista:
"O Brasil não fugirá ao seu destino histórico!"
O êxito da tirada, a julgar pelo destaque que lhe dá a imprensa, é sempre infalível, embora o leitor semidesperto possa desconfiar que isso não quer dizer coisa alguma, pois nada foge mesmo ao seu destino histórico, seja um Império que desaba ou uma barata esmagada.
(QUINTANA, Mário. Prosa & Verso. 6. ed. São Paulo: Globo, 1989, p. 87)

Explorando o Texto:

1. Defina, com suas palavras, um leitor dorminhoco.
Resposta pessoal.

2. Como você se classificaria: um leitor dorminhoco, um leitor semidesperto ou um leitor atento? Justifique.
Resposta pessoal.

3. Plutarco poderia se considerar um grego comum? Por quê?
Não. Porque ele era filósofo; como os 7 sábios uns chatos. Para ele considerava uma pessoa melhor.

4. Por que os sete sábios da Grécia deviam ser a tábua de salvação das conversas?
Porque eles eram os pensadores, que tomava decisões pela massa da sociedade.

5. Uma das técnicas da dissertação consiste na citação de um "argumento de autoridade", ou seja, o testemunho ou a citação de uma pessoa de competência reconhecida sobre determinado assunto. Como Mário Quintana ironiza essa técnica?
Ele ironizou Plutarco; que era um filósofo da Grécia. Que ironizava os outros 7 sábios chamando-os de chato.

6. Caetano Veloso, na letra Sampa, afirma o seguinte: "Á mente apavora o que ainda não é mesmo velho". Que trecho do texto apresenta opinião semelhante?
Os leitores são, por natureza dorminhocos, gostam de ler dormindo, autor que os queira conservar não deve ministrar-lhes o mínimo susto.

7. Qual a diferença de postura entre o leitor dorminhoco, o leitor semidesperto e o leitor atento em relação à frase: “O Brasil não fugirá ao seu destino histórico"?
Sim desperto - ouve e crítica  ( positivamente ou negativamante)
Dorminhoco  -  ele nem vai perceber
Atento -  são ás pessoas pensantes e  com senso crítico profundo.